Você já se perguntou porque comemos o que comemos?
Todos nós sofremos influências do ambiente, das questões culturais e sociais, e também pessoais (questões biológicas, psicológicas, das nossas experiências, etc.) para fazermos nossas escolhas alimentares.
E essas escolhas são um amontoado de tudo o que aprendemos em nossa vida, e que, com a repetição, se tornaram hábitos (quando digo hábitos, me refiro a escolhas que não são mais intencionais, ou seja, simplesmente repetimos aquilo com que já nos habituamos).
Pois bem, nós enquanto adultos fazemos nossas escolhas a partir de uma complexa rede fatores. Imagine nossos pequenos, que estão em fase de formação e amadurecimento, tanto na parte física, quanto biológica, social e emocional.
Nossos filhos estão aprendendo a conhecer e decifrar o mundo. E tudo isso a partir do que nós apresentamos a eles. E não só isso: estão aprendendo a conhecer e decifrar a si mesmos e como se relacionar com esse mundo. Ai, se soubéssemos o quanto influenciamos essa visão de mundo e de si mesmo.
Pois bem: O que faz uma criança ter medo de provar um alimento novo? Isso não diz respeito ao alimento em si.
Pode ser que a criança não tenha possibilidade de exercer sua autonomia em sua vida, e por isso, não se sinta capaz, pode ser que se sinta, mas como não pode ter sua voz ouvida ao longo de todos os outros aspectos da vida, fechar a boca é a única escolha que lhe resta; pode ser que, quando recuse um alimento, recebe mais atenção de seus pais, em um contexto em que está se sentindo só e emocionalmente instável e precisa dessa presença; pode ser a forma com que seus pais conduzem o momento da refeição a deixa desconfortável, e ela esteja com seu sistema de luta e fuga ativado, e dessa forma, vai se comportar de forma a sair dessa situação e ter alguma segurança; pode ser que o momento da refeição ou algum alimento em questão desperte emoções desconfortáveis que precisariam ser ressignificadas; pode ser apenas que essa casa não tenha uma rotina bem estabelecida e a criança não saiba o que esperar e faz testes, recusando e observando se consegue consumir alimentos de que gosta mais.
Pois bem. Alimentação é menos sobre comida e mais sobre todo o enorme e complexo contexto que a envolve.
Comer é um ato social e emocional. Basta lembrarmos que nosso primeiro contato com a alimentação provavelmente foi o seio materno, que não só nos nutriu fisicamente, mas nutriu nossa alma, promovendo segurança, conforto e consolo para o choro de uma necessidade que nem nós, em tão tenra idade poderíamos saber do que se tratava.
Então minhas queridas mães, lembre-se: UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NÃO É SÓ SOBRE COMIDA.
Carla Irai Ferreira
Nutricionista Infantil e Mentora Parental
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